25 de mar. de 2014

Dia 7, Joana e Murilo

Joana tinha uma vida tão insípida quanto uma celibatária poderia ter.
 
Trabalhava numa repartição de segunda a sexta, realizava trabalho voluntário no sábado e passava os domingos com seus pais.
 
Todas as noites aproveitava para assistir os capítulos das novelas de todos os canais que deixava gravando, assim como as séries [ românticas ].
 
Joana sentia que faltava algo em sua vida. Tinha um trabalho fixo que a preenchia. Realizava tarefas com seus queridos animais no abrigo, zelava por seus pais e familiares e ainda tinha tempo para sonhar acordada com as séries e novelas. Mas ainda assim, sentia que lhe faltava algo, uma emoção, uma sensação, algo que lhe fugia ao entendimento.
 
Joana não sabia mas naquele dia toda a sua vida aparentemente normal mudaria.
 
Murilo um jovem rapaz com um futuro promissor, lutava contra uma leucemia.
 
Encontrou com Murilo na praça onde costumava passear no intervalo do almoço. Sentiu algo que atraia o olhar para aquele rapaz que ora lia uma página do livro, ora esquecia-se dele no colo e simplesmente levantava o rosto para o sol que lhe lambia as maçãs do rosto.
 
Travaram conversa a princípio sobre a leitura dele, e depois sobre o belo sol de outono e depois sem perceberem, estava um contando seus piores medos ao outro.
 
Despediram-se na esperança de novamente se encontrarem.
 
Joana e Murilo encontram-se casados a 17 anos, tem um casal de filhos, uma hipoteca, problemas normais e contornáveis e uma certeza: a vida era bela, como uma manhã de sol  no outono.